Dataísmo #29 - Morre um meme
As marcas estão matando os memes na internet? Cases que deram errado ou muito certo. + Links de mercado e consumo que chamaram a atenção na quinzena.
A vida de um meme: marca (chega próximo das pessoas segurando o abacaxi). Pessoas: largam o abacaxi. Por Alex Krokus.
O quadrinho do Alex Krokus mostra o sentimento de muitos. Na visão do artista, quando a marca chega no meme, acaba a conversa. Todos largam o “abacaxi”. Mas será que o ciclo de vida de um meme é assim?
É verdade que nem sempre usar memes é uma boa estratégia de comunicação. A audiência já criou até um meme para quando a estratégia dá errado: “silêncio, marca”.
Aqui, converso um pouco sobre branding (construção de marca) e usos que deram errado, enquanto outros acertaram no alvo.
Abraços, Juliana.
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🃏 Memes e marcas, dois lados da carta
O uso de memes por marcas tem até nome: meme marketing.
Aplicar um meme é uma forma de entrar na conversa que está em alta na internet. Criar um meme pode ser um jeito de criar novas conversas em torno da marca.
E isso ajuda a criar conteúdo que as pessoas curtem compartilhar pois se identificam ou acham engraçado. `Pode promover a visibilidade e aumentar audiência. Por outro lado…
O verso da carta é que usar um meme em alta pode ser visto como apropriação ou falta de originalidade.
Se chegar depois do assunto esfriar, a marca pode ser vista como desatualizada.
Ou pior: em memes de causas sociais e histórias emocionantes podem ser vistos como uso oportunista.
🃏 Muitas vezes, o meme dá bem certo
💭 A cartada do “joker” (palhaço) pode funcionar, veja quatro casos
🃏 Calça de shopping: do meme ao sucesso de vendas
C&A aproveitou o meme da “calça de shopping” do Patolino e criou uma coleção toda inspirada no desenho. Fez sucesso na internet e também deu lucro (case completo).
🃏 Piraquê: Biscoito ou bolacha? Em SP é bolacha - diz Supla!
Essa discussão é antiga e sempre volta. É um país dividido. Então, no dia do aniversário de SP, a Piraquê convidou o cantor Supla para falar que está presente na vida de SP e no estado se chama bolacha. O importante é que seja Piraquê (case completo).
🃏 SESC ou Senac?
A confusão de nomes virou uma versão do gato dissociando - em post colaborativo dos dois. Gerou brand awareness (reconhecimento para ambas as marcas) e divertiu nos comentários.
🃏 Duolingo: "se não fizer a lição, ele sequestra"
Todos os pontos de contato do Duolingo utilizam as conversas em alta.
Mas o TikTok e os Reels têm uma produção especial, que vive o meme do “duo me perseguindo” e do “duo me sequestrando para fazer a lição do dia”.
Um caso de apropriação de algo falado na internet e executado de forma divertida.
🃏 Revés: quando o meme dá errado
💭 O outro lado da carta é difícil e, em geral, chega com o pedido de desculpas. A maioria das grandes marcas já aprenderam a usar tendências, mas o começo do meme marketing entre 2010-2018 teve diversos casos. Hoje, muitas dessas mesmas marcas já usam com moderação.
Três exemplos que passaram longe da diversão.
“Mulheres pertencem à cozinha” (Burger King UK)
Apenas na resposta do tweet que tem a verdadeira mensagem "No entanto, apenas 20% dos chefs são mulheres. Temos a missão de mudar a proporção de género na indústria da restauração, capacitando as funcionárias com a oportunidade de seguirem uma carreira culinária."
Resultado: Apagou o post e pediu desculpas. “Nós ouvimos você... Faremos melhor na próxima vez”. Depois, a conta também excluiu o tweet original: “Fomos informados de que havia comentários abusivos no tópico e não queremos deixar espaço aberto para isso”.
“WhyIStayed” (DiGiorno Pizza e a hashtag de violência doméstica)
Pizzaria DiGiorno anunciou sua pizza usando a hashtag "pq eu fiquei". Mas ela era sobre violência doméstica. Exemplo de uma marca usando um assunto em alta sem entender o contexto.
Resultado: apagou o post e fez um pedido de desculpas.
“Say no more, fam” (McDonalds UK e a hashtag de cortes de cabelo)
O meme “say no more fam” era uma tendência que mostrava e ria de cortes de cabelo considerados estranhos. Não alcançou o contexto pretendido: de levar as pessoas a algum lugar, ou finalizar uma conversa com "diga mais nada".
Resultado: críticas nas respostas dos posts. Não era um tema sensível como os dois anteriores, então está mais ligado ao contexto.
🃏 Um meme para criticar “memes com CNPJ”
“Silence, brand” (silêncio, marca) foi uma adaptação do meme “silence, liberal”, para ser resposta àqueles memes que não deram bom. É comum, especialmente nos Estados Unidos, que essas imagens apareçam nas respostas do X/Twitter ou de outras redes.
🃏 Em outras palavras: o que gera essa reação negativa ao meme marketing?
💭 Em resumo, quando um meme de nicho vai ao mainstream, vindo de grupos que não gostam de ser populares. Falta de propósito. Falta de timing. Falta de contexto. Falta de conexão. Quando a audiência não tem nada a ver com o meme. Quando o meme parece interesseiro. Quando não se conecta ao propósito de marca. Em resumo, quando ela não cumpre o que faz (storydoing).
Data Bites
💭 Curadoria de dados e tendências que chamaram a atenção nos últimos dias
🛒 Eletrodomésticos Brastemp e Consul
Com forte retomada das vendas em agosto, dona de marcas como Brastemp e Consul já prevê crescimento de dois dígitos na receita no ano (Exame).
🥩 Mais churrasco para quem gosta
Consumo de carne aumentou com a queda do preço (Valor Investe).
🐖 Falando em carne: já ouviu falar do Porcaço?
Cultura local de consumo. Primeira edição do evento itinerante aproxima consumidores do potencial culinário da proteína no Cais Embarcadero, em Porto Alegre (Correio do Povo).
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Sobre o Dataísmo
👩💻 Escrito por Juliana Freitas, potiguar no Rio de Janeiro. Profissional de Comunicação, Consumer Insights e pesquisadora.
📊💡 O Dataísmo foi criado para compartilhar (enquanto busco aprender e melhorar) sobre comunicação, cultura e consumo, com histórias guiadas por dados.
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