Dataísmo #7 - Gravadoras em tempos de virais
Produtoras e gravadoras estariam pedindo vídeos virais para lançar músicas de artistas, especialmente no Tik Tok. E mais: jogos em alta. E a tecnologia 5G, que ainda não conquistou o Brasil.
Nessa semana, a cantora Halsey contou que a sua gravadora, Capitol Records, impediria que ela lançasse uma música inédita caso não obtivesse sucesso "viral no Tik Tok" . Ela logo recorreu aos seus perfis para pedir engajamento e aumentar os seus números:
"Basicamente, eu tenho uma música que amo e que quero lançar o mais rápido que puder, mas a minha gravadora não deixa. Estou nessa indústria há oito anos e vendi mais de 165 milhões de discos e minha gravadora está dizendo que não posso lançar a menos que eles possam fingir um momento viral no TikTok". "Tudo é marketing e eles estão fazendo isso com basicamente todos os artistas hoje em dia. Eu só quero lançar música, cara. E eu mereço tbh (to be honest = para ser honesta). Estou cansada".
FKA Twigs foi uma das cantoras que afirmou ter o mesmo tipo de pedido.
"É verdade que todas as gravadoras pedem TikToks e eu fui repreendida hoje por não me esforçar o suficiente".
Charli XCX e Florence Welch (Florence and the Machine) também apontaram que as suas gravadoras estão pedindo virais na internet.
Ed Sheeran fez um Tik Tok sobre a questão.
No caso da Halsey, a gravadora se manifestou. "Nossa crença em Halsey como uma artista singular e importante é total e inabalável. Mal podemos esperar para que o mundo ouça sua nova e brilhante e música", disseram os representantes da Capitol Records e Astralwerks.
Independente do que acontece, na prática, as redes sociais podem ser plataformas de divulgação junto de outros meios de comunicação, tais como o rádio e a tv, além do Youtube. E existem outras formas de metrificar além dos dados de engajamento de vídeo (curtidas e visualizações), tais como o total de plays nas músicas, total de aquisição dos álbuns, lotação de shows, entre outros.
Música viral: case para alguns, não todos
Se por um lado, o lançamento digital pode diminuir a escolha de artistas junto das gravadoras, utilizar vídeos curtos como forma de divulgação já aconteceu de forma positiva para alguns, como o grupo Jovem Dionisio e o seu sucesso "Acorda Pedrinho" (conto um pouco no blog) e no desafio de "Envolver", da Anitta (no blog). É algo que não funciona com todos, já que os públicos de vídeos curtos podem ser bem diferentes daqueles que ouvem as canções.
Contraponto: canções fora dos virais
Há quem discorde do modo de operação que tem como bússola o sucesso no digital. A cantora Adele já se manifestou sobre como e para quem faz canções:
"Se todo mundo está fazendo música para o TikTok, quem está fazendo a música para a minha geração? Quem está fazendo a música para os meus pares? Eu vou fazer esse trabalho com prazer", contou em entrevista para a Apple Music.
Perdas e ganhos
Se, por um lado, as plataformas digitais proporcionam músicas novas e descobertas ao mundo todo, nem todas conversam com o público tik toker. Assim como em qualquer rede, existe um público e um jeito de se consumir. Artistas alternativos, de gêneros indefinidos, ou fora do circuito de coreografias, podem não entrar na onda por falta de afinidade. E, para eles existem outros espaços, como o nicho do bandcamp, vídeos longos no Youtube ou streaming de alta qualidade sonora no Tidal.
A rede social é uma vitrine, mas consumir digitalmente uma canção nem sempre pode estar relacionado a pagar um show ou comprar um álbum. Também não garante qualidade musical ou originalidade. Se é o viral que se torna orientação para definir o que obterá investimento financeiro no lançamento do mercado fonográfico, vale pensar se as escolhas baseadas em métricas digitais correspondem à verdadeira geração de valor musical. Além do cuidado técnico, nem sempre virais garantem resultados para as gravadoras fora da rede. Resta saber como esse cenário evolui nas escolhas de cada artista ou eles optam por ir na contramão de vídeos virais, como a Adele fez.
+ Veja mais no blog. Texto sobre o a Tiktoktizacao das redes sociais ou efeito Tik Tok.
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Por ser ano de eleições, o Ministério Público irá investigar. Por enquanto, a estreia no país foi adiada (no G1).
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Sobre o Dataísmo
👩💻 Escrito por Juliana Freitas, potiguar no Rio de Janeiro. Profissional de Comunicação, Consumer Insights e pesquisadora.
📊💡 O Dataísmo foi criado para compartilhar (enquanto busco aprender e melhorar) sobre comunicação, cultura e consumo, com histórias guiadas por dados.
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